No
último domingo (10/05/2015) o programa dominical, Fantástico exibiu uma matéria
muito interessante sobre um assunto atual e silenciosamente perigoso, do qual
eu mesmo escrevi um artigo para uma revista no inicio deste ano e tenho
ministrado palestras sobre o tema. E aqui vou compartilhar um pouco com
vocês.
Tenho
visto hoje em dia pessoas na rua, na condução e em vários lugares “grudados” no
celular. Quem nunca viu alguém tropeçando na rua, por que estava mexendo no
celular? Às vezes até na sua casa você tem alguém que não larga o celular ou
qualquer outro aparelho tecnológico. Observei duas cenas um dia desses que me preocuparam
muito, pois trabalho e ministro sempre palestras para jovens e adolescentes há
anos e tenho visto que para muitos a tecnologia não tem ajudado, mas
prejudicado.
A primeira cena eu e minha esposa estávamos em um restaurante
Self-Service e na fila tinha uma pessoa que colocava a comida no prato e mexia
no celular. Essa pessoa sentou perto da gente, nós terminamos de comer e ela deixou
o celular do lado do prato, não mexeu na comida, mas ficou o tempo todo no
celular, a ponto de deixar toda comida no prato e ficar se distraindo no
celular. Na outra cena vi um casal na mesa de um restaurante, um estava de
frente para o outro, mas não conversavam, estava cada um no seu celular. A cada
dia vemos nos noticiários relatos de acedentes graves e com morte pelo uso
abusivo de celulares.
Sempre
que falamos em vícios quase que automaticamente nossa mente nos leva a pensar
em drogas, cigarro, álcool, etc. Contudo, a cada dia uma nova modalidade de
vício, de dependência, tem tomados conta das casas brasileiras. Pesquisas em
todo o mundo apontam para o surgimento de uma nova patologia, que se trata de
uma dependência da tecnologia. Nomofobia é nome da nova patologia que tem
afetados milhares de pessoas. O nome vem
do inglês no + mobile + fobia, que pode ser entendida por, fobia de ficar sem
um aparelho de comunicação móvel. Ela é mais comum em adolescentes e adultos
acima dos 40 anos. Pessoas que sofrem de nomofobia não consegue deixar o
telefone desligado, tem sensação de rejeição quando não lhe telefonam e
enfrentam síndrome de abstinência quando estão sem o aparelho. O problema pode
estar ligado a outros transtornos, tais como ansiedade e depressão. Hoje já
existem profissionais de psicologia e psiquiatria especialistas em tratamentos
de pessoas viciadas em redes sociais e internet. E os centros de recuperação
que antes tinham o propósito de tratar de pessoas viciadas em drogas, álcool e
etc., agora também existe para viciados em internet.
Quem
nunca se deparou em casa, no trabalho, em festas, na igreja com pessoas que não
desgrudam do celular. Pois isso agora está se tornando um vício. A psicóloga
Anna Lúcia Spear King, autora de uma tese de doutorado do Instituto de Psiquiatria
da UFRJ em entrevista a um periódico, lembra que nomofóbicos são pessoas que
apresentam um perfil ansioso, dependente, inseguro e com uma predisposição
característica dos transtornos de ansiedade que podem ser, por exemplo: transtorno
de pânico, fobia social, fobia específica, transtorno de estresse
pós-traumático; e costumam ficar dependentes da internet por medo de
estabelecerem relacionamentos sociais ou afetivos pessoalmente.
Os
critérios que orientam a identificação do uso excessivo de celular são: Manter
o celular sempre à mão, 24 horas por dia (mesmo quando dormindo), para não
perder qualquer possibilidade de contato; Abandonar as atividades para atender a
qualquer chamada do celular (muitas vezes interferindo em situações de
trabalho, estudo, reuniões sociais e familiares); Manter invariavelmente a
bateria do celular carregada; Quando esquecer o celular em algum lugar, voltar
para buscá-lo, pois, do contrário, este fato pode gerar extrema ansiedade (como
se faltasse algo essencial). Em casos mais graves, as pessoas podem apresentar
alterações de humor, da respiração, taquicardia e ansiedade.
É
preciso estar atento em que tempo dedicamos as tecnologias, pois este problema
é muito sutil e pode vir disfarçado de entretenimento. Quantas vezes incentivamos
as crianças desde cedo a usar a tecnologia, como uma solução para atenção que
elas exigem. E, assim vemos crianças, de três ou cinco anos, com tablets e
celulares. Adolescentes acordam e vão direto para o computador dar uma “olhada”
no Facebook, andam 24h olhando e mexendo no celular. Alguns pais para substituir
a presença ou pela inabilidade de criar os filhos, eles enchem as crianças de tecnologia.
Como tudo na vida precisa de equilíbrio e moderação, o uso de tecnologias é a
mesma coisa.
A
nomofobia tem trazido hoje para os lares “um silencio” mortal. Cada um em seu
celular e o dialogo some, as crianças não brincam mais com brinquedos de
crianças, mas com jogos em tablets, muitos adolescentes mantem apenas relações
virtuais, os amigos são os do facebook, amigos que na maioria das vezes que eles
não conhecem.
Não
sou tão antigo e gosto também da modernidade, mas precisamos resgatar em nossas
famílias, hábitos que muitos deixaram para trás; bate papos, passeios em
família, refeições a mesa, olho no olho e etc.
A
tecnologia esta aí para facilitar a nossa vida, quantas coisas que antigamente
demoraríamos horas, dias e meses para fazer e hoje com um “clic” resolvemos
tudo. No entanto não podemos nos deixar dominar por ela tornando-a prioridade,
temos a capacidade de desligar. Assim como os outros tipos de vícios esta dependência
pode levar a um comprometimento das relações interpessoais.
Muita
gente vive uma vida dominada pela tecnologia em um mundo cibernético. Já atendi
muitos adolescentes e jovens no consultório viciados em tecnologias, adolescentes
que começaram em coisas à principio inocentes, como o famoso “Pool” (bichinho
virtual), The Sims, Whatsapp, Facebook e depois não largavam mais seus
celulares e tablets.
Algumas sugestões: Determinar horários para o uso de tecnologias; Ensinar desde muito pequenos aos filhos a valorizar o contato com as pessoas que estão ao redor, que
o abraço, o beijo, o carinho, atenção são mais importantes que aparelhos;
Selecionar momentos onde todos os integrantes da família entejam juntos (ex:
uma refeição, seja café, almoço, jantar onde não haja interferências de
aparelhos tecnológicos) para descobrir o prazer de estar junto; Separar um
momento do dia para uma conversa sobre como foi o dia de cada um; Dar exemplo
aos filhos, não usando de aparelhos tecnológicos durante os momentos em
família; Procurar ajuda profissional quando perceber que a dependência de tecnologias
de algum dos integrantes da familiar se tornou doentio.
Por Deivison Bahia.